Poder de decisão sobre bebida é menor em quem tem histórico familiar de alcoolismo

by Thiago Biancheti

Estudo mostra que área do cérebro responsável por decidir apresenta menor atividade antes de começar a beber. Resultado aponta uma nova abordagem para o tratamento de transtornos por uso de álcool.

Quem tem histórico familiar de abuso de álcool apresenta um menor poder de decisão antes de consumir bebidas alcoólicas. Este foi o resultado do estudo feito por pesquisadores da Society for Neuroscience (Sociedade para Neurociência) e publicado na eNeuro, revista científica da instituição.

No trabalho foi observado que o córtex pré-frontal — região do cérebro responsável pela tomada de decisão — daqueles que tinham histórico familiar de consumo excessivo de álcool era menos ativo — portanto dava menos oportunidade de negar bebidas — do que naqueles que não possuíam o histórico.

Os pesquisadores compararam a atividade do córtex pré-frontal antes e durante o consumo de bebidas em dois tipos de ratos. Um modelou um histórico familiar de abuso de álcool, enquanto o outro não apresentava este registro. A região cerebral era ativa durante o consumo de bebidas alcoólicas em ambos os tipos de ratos, mas a atividade pré-consumo só foi vista naqueles que não tinham história familiar de consumo compulsivo.

— Uma pessoa criada em um ambiente de consumo de álcool abusivo tem maior propensão a desenvolver ansiedade, depressão e vícios. O material genético passado pelos pais apresentam alguns defeitos que impossibilitam que os filhos criem resistência ao álcool. Eles ficam sem limites para o consumo — explica o psiquiatra Jorge Jaber, especialista em dependência de drogas.

Esses achados sugerem que o córtex pré-frontal codifica diretamente a intenção de consumir álcool. Mas este processo acontece de maneira menos eficiente naqueles com maior risco de abuso alcoólico. Restaurar a atividade do córtex pré-frontal em indivíduos com predisposição ao excesso de bebida pode ser uma nova abordagem para o tratamento de transtornos por uso de álcool.

— É importante ressaltar que esses dados destacam ainda mais a necessidade de considerar o risco herdado ou genético ao desenvolver estratégias de tratamento para o consumo de álcool excessivo — afirma David N. Linsenbardt, do departamento de psicologia da Universidade de Indiana e do Centro de Pesquisas de Álcool de Indiana.

Fonte: O Globo

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1 comment

Bento Neto 8 de agosto de 2019 - 15:04

Deem aos ratos o direito de serem abstêmios.

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