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Post: ESTILOS PARENTAIS E CONSUMO DE DROGAS

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Nas últimas décadas, o consumo de drogas e o modelo de família tradicional sofreram inúmeras transformações. A passagem para um modelo familiar igualitário trouxeram mudanças importantes na relação adulto-criança e embora o uso de drogas tenha influência de muitos processos biológicos e socioculturais, encontra na família um momento fundamental de explicação.

A relação entre pais e filhos – antes fundamentada no respeito e autoridade -, se por um lado deu lugar a um relacionamento mais aberto e democrático no qual são consideradas questões relativas à individualidade e afetividade, por outro lado tem evidenciado práticas educativas inconsistentes e contraditórias que influenciam negativamente no desenvolvimento da criança.

Comportamentos antes considerados culturalmente aceitáveis e esperados na educação dos filhos, atualmente são criticados e até mesmo coibidos pelos direitos constitucionais. Assim, no momento em que o adulto, agora pai ou mãe, vê-se envolvido com a educação dos filhos, valores aprendidos anteriormente entram em choque com os atuais.

No entanto, a congruência nas práticas educacionais e o estabelecimento de trocas afetivas significativas dentro do núcleo familiar são imprescindíveis para a formação de importantes fatores de proteção para o uso futuro de drogas.

Pais com um estilo parental “com autoridade”, isto é, que apesar de exigentes são envolvidos afetivamente com seus filhos, propiciam um clima emocional de apoio e comunicação que minimiza a vulnerabilidade e o envolvimento do jovem com pares usuários. Já pais autoritários com comportamentos de muita exigência e pouco afeto, assim como pais indulgentes que são muito afetivos, mas estabelecem pouco controle sobre seus filhos ou ainda pais negligentes com comportamentos permissivos, indiferentes e baixo grau de controle e afeto para com seus filhos, aumentam os riscos de consumo de álcool e drogas.

Grosso modo, o interesse e o tempo que os pais passam com seus filhos, práticas não permissivas, papéis familiares bem definidos, medidas disciplinares consistentes, atenção às atividades dos filhos, saber quem são seus amigos, o que fazem no tempo livre e como gastam seu dinheiro são medidas parentais afetivas e de monitoramento que contribuem significativamente para o menor risco de consumo de álcool e drogas, principalmente entre os adolescentes. Por outro lado, a falta de suporte parental, atitudes permissivas, a incapacidade de controlar os filhos e o uso de drogas pelos próprios pais, são fatores predisponentes à iniciação ou continuação do uso de drogas.

Por essas razões, a busca por grupos de mútua ajuda e principalmente orientação profissional, pode ajudar a reduzir angústias e dúvidas dos pais frente ao desafio de formar novos adultos para essa nova sociedade, além dos filhos poderem enxergar seus pais como um suporte emocional singular ao qual podem recorrer diante das dificuldades de ajustamento que enfrentam.

Por Dra. Vanessa Sola, Psicóloga Especialista em Dependência Química e Psicanálise, São Paulo/SP – edição n° 223 da REVISTAE – Abril/2018.

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