Desenho em aula do PQVAE faz avô ser preso por abuso

by Thiago Biancheti

O homem de 45 anos que foi preso esse mês em Itumbiara (GO), após uma aluna denunciar ser vítima de abusos em um desenho, é o avô dela. A descoberta se deu durante uma aula idealizada pelo PQVAE (Projeto Prevenção e Qualidade de Vida com Amor-Exigente), projeto do município de prevenção ao abuso e exploração. Na aula, a professora apresentou o livro “Pipo e Fifi: Ensinando Proteção contra Violência Sexual”, de Caroline Arcari. Segundo Tânia Regina Martins de Sousa, coordenadora do projeto, o trabalho desenvolvido em sala de aula ajuda os alunos a identificarem os toques do “sim” e do “não”.

“Muitas vezes as crianças entendem estes toques de forma equivocada. Por ser uma pessoa próxima, pode pensar que é carinho, mas durante a disciplina, os professores vão ajudando elas a discernir”, afirmou. Foi a partir desta discussão em sala de aula que a aluna afirmou que o avô a tocava com o “toque do não”. A professora pediu para que ela desenhasse a situação na tentativa de elucidar os fatos. A partir do desenho, a criança deu mais detalhes da história. Segundo o relato da aluna, quando todo mundo da casa estava dormindo, o avô ia ao encontro dela, tirava a roupa, e pedia para que ela tirasse também. Ele exigia que ela tocasse nas partes genitais dele — o que a fazia chorar. No entanto, ninguém a ouvia. A professora então acionou o Conselho Tutelar e o homem foi preso posteriormente por estupro de vulnerável.

Cinco casos semelhantes só neste ano

O PQVAE já existe há 12 anos no município de Itumbiara (GO) e vem ajudando a denunciar violência contra crianças e adolescentes. Só este ano, foram contabilizados cinco casos em que, durante as aulas, os docentes identificaram possíveis situações de abuso sexual infantil. “Esse foi o primeiro deste ano que resultou em prisão. Geralmente são crimes que demoram para ser julgados”, explica a coordenadora. Segundo ela, o motivo para a demora é que, muitas vezes, a família não acredita na criança, ou ela é coagida a mudar o discurso quando vai ser ouvida. Além disso, há também situações em que os membros da família podem ter medo de denunciar o caso às autoridades por questões de dependência financeira ou ameaças. “A professora começa a fazer atividade e as crianças percebem o que acontecem em casa. Se a família não denuncia, nós podemos intervir.” A coordenadora disse que, só em 2019, o número de casos foi de 132. Agora, após a pandemia, o alerta para a identificação de possíveis abusos é ainda maior. Ela ainda diz que a grande parte dos casos, o abusador são pessoas da família ou de muita confiança do núcleo familiar. “O que observamos é que com a pandemia as crianças ficaram mais tempo em casa — e possivelmente esses abusadores também. Agora que retornamos presencialmente, começamos a identificar mais estas situações para fazer os encaminhamentos legais”, explica.


Leia a matéria completa no site do UOL.

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