Cortina de fumaça

by Thiago Biancheti

Andy era um jovem com uma boa educação. Ele era o palhaço da turma e ajudava amigos com problemas de saúde mental e abuso de substâncias. Mas, na adolescência, começou a beber e usar drogas para se adaptar. Por um tempo, ele atuou em alto nível. Manteve empregos, obteve um diploma superior e completou três anos de serviço ativo na 82ª Divisão Aerotransportada do Exército, incluindo um período de serviço no Iraque. Como tantos outros, ele estava convencido de que o uso de maconha não estava atrapalhando sua vida. Ele estava “bem”. Mas as coisas mudaram.

Ao longo de alguns anos, Andy sofreu uma queda na vida devido ao seu vício em maconha. Tais anos foram marcados por ligações para linhas diretas de suicídio, hospitalizações em pelo menos cinco diferentes clínicas de saúde mental e duas sentenças judiciais para tratamento de saúde mental.

Em 2014, aos 31 anos, Andy foi encontrado pendurado em uma árvore, morto por suicídio. Ele deixou um bilhete que dizia: “Minha alma já está morta. A maconha matou minha alma e arruinou meu cérebro.” Durante a última semana de sua vida, ele disse a seus pais e a uma assistente social que precisava parar de usar maconha, mas era viciado e não conseguia. Ele afirmou que, quando tentou parar, teve pesadelos horríveis.

A história de Andy é comovente e, infelizmente, sua família não está sozinha nessa tragédia. Ouvimos essas histórias todos os dias. E dado o aumento da popularidade da maconha super potente dos dias atuais, infelizmente continuaremos a ouvir histórias semelhantes. Pesquisas mostram que o uso de maconha, especialmente “uso pesado”, está relacionado a maiores riscos de problemas graves de saúde mental como ansiedade, depressão, esquizofrenia, psicose e pensamentos suicidas. Sabemos disso a partir de anos de pesquisas realizadas sobre a maconha que apresentava níveis de THC entre 3% a 5%, nada em comparação com a maconha que temos hoje em estados como o Colorado (EUA). Em qualquer uma das milhares de lojas de maconha no Colorado, pode-se facilmente encontrar “flor” de maconha (de alta pureza) com até 30% de THC, além de todos os tipos de doces, óleos, concentrados e vaporizadores com até 99% de THC.

Embora os defensores da legalização digam que a maconha pode ser regulamentada para mantê-la longe das mãos das crianças, reflita sobre isso. Desde 2017, o uso de vaporizadores de maconha entre os alunos do ensino médio do Colorado aumentou em 70%, enquanto o uso de concentrados de maconha aumentou 49%. Ao todo, o consumo de maconha no mês passado entre jovens de 15 anos ou menos, no Colorado, aumentou 14,8% em comparação aos últimos anos.

Na discussão sobre se a legalização e comercialização da maconha é ou não uma mudança de política que vale a pena tentar, as últimas pesquisas e histórias como a de Andy são algo que a indústria da maconha não quer que você saiba. O lobby da maconha, assim como seu antecessor, Big Tobacco (indústria do cigarro), gastou milhões para perpetuar a mentira de que a maconha é inofensiva, e que o único resultado da comercialização é a receita, a justiça social e o fim dos traficantes. Expor essas mentiras e elevar as vozes das famílias que viram suas vidas dilaceradas por elas são a razão pela qual escrevi meu novo livro, apropriadamente intitulado “Smokescreen: What the Marijuana Industry Doesn’t Want You to Know“ (Cortina de Fumaça: O que a indústria da maconha não quer que você saiba – em tradução livre).

Não podemos continuar a permitir que essa indústria se expanda e perpetue sua cortina de fumaça, trabalhando para minimizar ou desacreditar o que a ciência valida sobre saúde mental e questões de dependência causadas pela maconha de alta potência de hoje em dia. É chegada a hora de acabar com o giro e evitar a segunda vinda do Big Tobacco.


Por Kevin A. Sabet, Ph.D. – Presidente e CEO da SAM (Smart Approaches to Marijuana). Artigo publicado originalmente na edição n° 261 da RevistAE, em Junho/2021.

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1 comment

mônia soares 30 de junho de 2022 - 06:35

Sobre a cortina de fumaças ; Deve se agir de forma firme com todoas as drogas licitas , pois elas são um tragédia em nossos dias a dias, se fizermos um levantamento de famílias que morrerem no transito devido uso de bebidas, e quantos de nós somos obrigados a ficar cheirando fumaças de cigarros? “O mundo esta cheio de viciados sociais e antissociais” é claro. As ações e pesquisas e principalmente as leis, devem-se abordarem de forma seria e repelir toda essas massa.

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