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Post: Amor-Exigente comemora Bodas de Prata em São José do Rio Preto

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Um dos problemas que desestrutura famílias é ter um parente envolvido com drogas. Tentar ajudar quem ama nesses casos acaba sendo desesperador porque a insegurança de onde agir e como começar tomam conta dos envolvidos. A ONG Amor-Exigente completou 25 anos, no último dia 5, em Rio Preto justamente com esse foco de atuação. De 5 de março de 1993 para cá, o chamado Grupo de Apoio ao Toxicômano e Família (Gataf) já atendeu 36 mil pessoas. Atualmente, o grupo assiste 240 pessoas por mês, em um espaço da igreja Santuário das Almas.

Atuante, em todo o País, o Amor-Exigente tem outro grupo em Rio Preto, o Amor Exigente Menino Jesus (AEMJ), que atende no salão da igreja Menino Jesus de Praga. Na região, há grupos em Catanduva, Itajobi, José Bonifácio e Bady Bassitt. O atendimento chega a 240 mil pessoas.

Segundo José Oliveira Marques, presidente e voluntário da Gataf, em sua maioria, os dependentes químicos são pessoas de classe média, de todas as idades e sexos. A grande maioria começa com um copo de cerveja, ainda muito jovem. Logo, vão acender um cigarro de maconha. O pensamento, sempre é, a hora em que eu quiser eu paro. “Só que não é bem assim. Na hora em que a pessoa se dá conta, é preciso muito sacrifício para se manter longe de drogas pesadas, como cocaína e crack”, disse.

A batalha é grande, frequentemente de recaídas. Por isso, cada dia “limpo” é uma vitória. “São três dias, cinco meses e 12 anos”, assim um zootecnista, de 51 anos, que prefere ter a identidade preservada, conta o tempo que se mantém sem usar drogas.

Ele conta que começou a tomar conhaque com 13 anos “para ter coragem e perder a vergonha de dançar”. Por volta dos 16 anos, bebia chopp após o ‘racha’ de futebol com os amigos. A bebida sempre esteve presente em sua família. “Mas eu já percebi que comigo era diferente. Enquanto as pessoas depois que acabava o barril de chopp iam para casa, eu a uns poucos amigos queríamos comprar mais”.

No período em que cursou a faculdade veio o consumo de drogas. “Tomava anfetaminas com álcool, chá de cogumelo, maconha, até que comecei na cocaína”, conta. “Mas meu jeito de usar era diferente. Até pelo vigor físico, a juventude, eu achava que era normal virar a noite consumindo drogas. Sobre os amigos que usavam e paravam, eu pensava: essa galera é fraca. Os outros, que não usavam, eram caretas'”, relata o zootecnista, que aos 34 anos passou a usar crack. “Coisa que eu condenava”.

As drogas lhe trouxeram perdas. A namorada tentou ajudar, mas a condição era se tratar. Ele não aceitou o desafio na época. Com a ajuda do Amor-Exigente conseguiu conhecer outro mundo. “O grande desafio para o dependente é admitir que se tem um problema”. Aos 37 anos, o zootecnista iniciou a recuperação, por meio de remédios em um hospital psiquiátrico. Após 30 dias de desintoxicação e com receio de sair da unidade de saúde, foi a irmã quem o aconselhou a procurar grupos de apoio. Foi aí que conheceu o Amor Exigente. “Livre do uso de drogas, construí uma qualidade de vida que não tem como definir com palavras. Hoje, sou doador de sangue, pratico esportes. Desenvolvi a espiritualidade. Tenho uma companheira há 11 anos. É um trabalho multifatorial, família, esportes, espiritualidade, grupo de apoio. Se você se apoia em um pilar, se ele cai, você cai. As fatias da ‘pizza’ estão bem divididas”.

Trabalho

O trabalho do Amor-Exigente consiste em apoiar famílias de usuários de drogas e os dependentes químicos em recuperação. “Geralmente, vem buscar ajuda primeiro, a mãe. Depois de um certo tempo, o pai vem muito reservadamente. É mais raro chegar só o dependente procurando ajuda”, afirma Marques.

Os familiares aprendem principalmente a dialogar em casa. “A droga, em muitas vezes, é um detalhe na vida, não é o principal motivo pelo qual a pessoa tem um comportamento desajustado. A casa já é um problema de conflito. O Amor Exigente tem por missão mostrar caminhos para que a pessoa e a família optem pela qualidade de vida e interação saudável entre os integrantes. O programa fala do que você quer fazer da sua vida tendo em vista as consequências do uso da droga”, diz José.

Todos trabalham de forma voluntária. O Gataf conta com 17 voluntários. São oferecidas palestras, apresentação de vídeos e grupo de apoio de mútua ajuda, momento em que, sob supervisão de dois coordenadores, os participantes dividem suas experiências e dificuldades em lidar com o vício e comportamento do familiar. As reuniões são semanais, com duração de duas horas. Há psicólogos, assistentes sociais e representantes de diversas religiões.

Grupo vai inaugurar sede

O Amor-Exigente tem motivos para comemorar. A sede própria será inaugurada em torno de 40 dias. Construída totalmente por meio de doações, o prédio é da Prefeitura de Rio Preto e foi disponibilizado em sistema de comodato.

Instalado em um terreno no bairro Parque das Flores, a sede com 560 metros quadrados de construção contará com 11 salas, cozinha, recepção e salão para os eventos e ações beneficentes. Segundo José Oliveira Marques, presidente da Gataf, foi por meio de doações e ações solidárias, como venda de pizzas, almoços, rifas e brechós, que foi possível realizar a obra, iniciada em 2007. “Já investimos R$ 300 mil com dinheiro arrecadado de campanhas e doações”.

Para a inauguração só faltam alguns detalhes como a expedição do alvará de funcionamento e instalação de sistema de ventilação. “Teremos mais infraestrutura para a realização das reuniões, além de viabilizar capacitação de mais profissionais para atuar. Também teremos espaço para formação de novos grupos, além de podermos ceder espaço para grupos afins que necessitem desenvolver seus trabalhos”, diz Marques.

Fonte: Diário da Região

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