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Raízes Culturais: Um Princípio Identificador

Pai, nada podem teus olhos doces
Como nada puderam as estrelas
Que me abrasam os olhos e as faces.
Escureceu-me a vista o mal de amor
E na doce fonte do meu sonho
Outra fonte tremida se reflete.
(Pablo Neruda in Crepusculario, do poema PAI; tradução Rui Lage)

“Ao nascer, já recebemos um ramalhete de valores culturais que poderão nos acompanhar por toda a vida” nos diz o Neube Brigagão no Mostrar Caminhos. Hoje a nossa cultura parece “muito liberal” e diz que nós pais somos pessoas infalíveis e devemos ser capazes de nos desdobrar para fazer tudo por nossos filhos. Tentando manter as aparências, nos acomodamos e comportamentos inadequados são permitidos e adotados. Abusos aparecem em jogos enquanto “o caldo está quente”: maridos manipulam esposas, que manipulam maridos e filhos que manipulam pais, professores que manipulam alunos e por aí afora…

Existe um traço da cultura atual brasileira ligado ao uso da bebida e do consumismo. Quando um bebedor problemático dá a desculpa de que dá conta de dirigir, de pagar as contas, de tocar seu trabalho – a família suporta, a sociedade suporta… mas, suporta mesmo? A verdade é que as famílias dos usuários de drogas (álcool também é droga) adoecem com eles. Este é um transtorno chamado de CODEPENDÊNCIA, que simplificadamente pode ser descrito como a tentativa de viver a vida de outra pessoa, nos termos e critérios que eu acho que seria melhor para esta outra pessoa. É aí que a família faz loucuras tentando mudar o comportamento de seu ente querido. O uso de drogas e bebidas alcoólicas é favorecido quando esse jogo acontece e se transforma numa boa desculpa para que todos continuem jogando. Poupando responsabilidades pelo o que
fazem, todos ficam mais indisciplinados. Parece que o Amor-Exigente veio para falar alguma coisa sobre isso.

Responder à pergunta “Quem sou eu?” é procurar características do meu comportamento diante de mim e diante dos outros. Ser uma pessoa adequada é uma opção e não uma obrigação. A noção do adequado e correto passa a ser uma escolha entre o saudável e o doentio. Na prática é cumprir uma META a cada semana identificando o que faço e não concordo, e também experimentar o que aceito correto fazer. Cada novo comportamento é uma semente de escolhas de como agir, de acordo com os Princípios. Um fazer Moral, Ético e racionalmente escolhido para um Eu melhor, uma Família melhor e uma Sociedade melhor.

Com o foco no EU, sou coerente com os valores que aprendi? O que minha mãe diria sobre meus comportamentos “questionáveis”? Pergunto-me se “quero? posso? devo?” antes de decidir pelas minhas condutas? Com o foco na FAMÍLIA uso minhas raízes para justificar meus erros ou para superar os desafios da convivência? Ao cobrar comportamentos dos meus familiares, olho primeiro para minhas atitudes? Conheço de verdade nossa história familiar? Consigo fazer nessa identificação uma proposta saudável para melhorar a qualidade da nossa vida? Com foco na COMUNIDADE, consigo distinguir riscos na mídia de modos de ser que são alternativos àqueles que me dizem quem sou? Meu comportamento é coerente com meus valores e traços culturais? Como resistir ao consumismo e ao modismo na autoeducação e na educação de meus filhos?

Respeito, honestidade, gentileza e cordialidade nos relacionamentos caracterizam o tratamento digno que a ÉTICA nos convida na construção da comunidade fraterna.

Por João Francisco, Regional de Belo Horizonte – edição n° 196 da REVISTAE – Janeiro/2016.

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