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Post: “Pais legais” têm recursos ilimitados

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“Quando o telefone toca – é para seu adolescente. Quando a conta chega – é para você” – Bruce Lansky.

Chegamos, pois ao Séc. XXI, a Era de Aquário! Vivíamos antes num mundo tenebroso. Pais falavam não a seus filhos, que eram obrigados a passar por tremendas frustrações. Todos nós, que fomos adolescentes nos anos 70, vivemos a grande revolução educacional e social – Summerhill, Woodstock, Revolução Cultural, Movimento de Maio da França, etc. Era a total libertação e mudança de valores que nos fez prometer a nós mesmos que nossos filhos seriam educados de forma diferente. E buscamos com todas as forças fazer isso mesmo! Educar de uma forma diferente.

Agora somos pais de adolescentes de 13, 16, 18 anos. Outros têm 22, 25, 28 anos. Ou seja, “adolescente na prorrogação”, termo maravilhoso criado por Jackson Fullen. E muitos de nós, fazendo uma análise realmente desapaixonada, chegamos a uma pergunta desagradável: valeu? Independente da resposta que tenhamos, cabem algumas considerações. Nós criamos nossos filhos com uma crença total e absoluta em recursos ilimitados. E agora, quando alguns deles se desviaram para o caminho do desrespeito, do “bater portas”, das drogas ou álcool – e principalmente para a crença que eles, os filhos, têm todos os direitos e quase nenhum dever –, devemos nos perguntar: como consertar a situação?

Uma das coisas mais duras em nossa vida é ter de mudar de posição. Quem torce para o Santos FC não consegue se ver Palmeirense. Quem se vê como um executivo de grandes sucessos tem dificuldades de se enxergar com um ser humano falível. Mas a verdade é que nós, pais, precisamos rever conceitos para enfrentar realidades diferentes daquela imaginada por nós. Afinal, quando nossos filhos começavam a ir para a escola nós os víamos como futuros médicos, futuros administradores, músicos ou políticos, enfim, como seres de sucesso. Agora, quando a adolescência chegou de repente muitos de nós têm em casa jovens abusivos (verbal e fisicamente), negadores de autoridade, com comportamentos inaceitáveis e atitudes desafiadoras, mas não sabemos como lidar com eles. E tentamos seguir usando os mesmos métodos que não deram certo. Pior ainda: fechamo-nos para que “ninguém saiba” dos nossos problemas. Claro que todo mundo vê as roupas esquisitas de nossos filhos, escutam os berros e as batidas de porta, notam que eles estão desleixados na escola, vêem nossos filhos em péssimas companhias, mas nós, tal qual avestruzes, buscamos “esconder” nosso desconforto. Pois é hora de reconhecer que nossos recursos são limitados. Fomos incentivados (por nós mesmos) a acreditar que somos infalíveis, somos deuses todo-poderosos, que podemos controlar o mundo que nos cerca, mas temos finalmente de enfrentar um dilema:

  • Mudar nossa forma de pensar e assumir o controle de nossa vida, ou
  • Seguir imaginando-nos “poderosos” e ver a vida em nossa casa tornar-se um inferno.

O Amor-Exigente é um grupo que mostra, de forma gratuita e desinteressada, a necessidade de revisão de conceitos e comportamentos nossos para termos influência na vida de nossos filhos. Um dos princípios é o dos “recursos limitados”.
Ele diz: “Nossos recursos físicos, emocionais, intelectuais e econômicos são limitados.” Simples, não? Mas será que a afirmação simples acima está incorporada em você?

Você reconhece que não é possível dar tudo que seus filhos querem, aguentar todas as pressões a que eles nos submetem, responder a todas as suas perguntas, acompanhá-los em todas suas atividades, ter paciência para todas suas músicas, “batidas de porta”, desculpas por terem tirado notas baixas, etc.?

Muitas vezes você não percebe que alguns desses recursos se esgotam. Se você não percebe, a tendência é de que você vá acumulando irritação, frustração, tristeza e amargura até que de repente você explode. Essa explosão não alivia suas pressões, mas o afasta de seus filhos e, geralmente, causa também desavenças com seu esposo (a).

O Amor-Exigente propõe uma alternativa. Pense, analise. Quais são seus próprios limites intelectuais, financeiros, físicos, econômicos, emocionais, tempo disponível, etc.? Defina-os e comece a perceber quando estão chegando ao limite. Quando isso estiver ocorrendo, converse com sua esposa, com seus filhos. Antecipe-se ao problema, esclareça como se sente (sem explodir, sem se fazer de vítima, sem emoções ou sensação de mártir). Ao fazer isso você estará evitando problemas em casa. Além de estar ensinando seus filhos quais são seus limites também dá a eles uma oportunidade para que também percebam onde estão exagerando.

Por Marcos Susskind, Holon/Israel, Membro Brasileiro da Drug Free America e da Rede Interamericana de Prevenção às Drogas – RIPRED – edição n° 210 da REVISTAE – Março/2017.

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