Bruna Calderari, 35, foi a única das quatro vítimas que demorou a ser identificada após a chacina da semana passada no Tremembé, na zona norte de São Paulo. Ela estava sem o RG, já que o documento ficava com a sua família desde que ela perdeu a primeira via em uma das temporadas que passou nas ruas por causa do vício nas drogas.
O cuidado dos parentes incluía a orientação para que sempre andasse com uma cópia do RG no bolso, o que não fez na madrugada de quinta-feira (9), quando foi atingida pelos disparos. Como era conhecida no bairro, já que estava sempre pelas ruas, acabou identificada apenas com o primeiro nome no boletim de ocorrência da polícia.
Fuga de Casa
Por causa da dependência química, a convivência com a família foi se tornando cada vez mais difícil, e Bruna saiu definitivamente de casa. Apesar disso, ela manteve contato com os parentes e, alguns meses atrás, aceitou ajuda para se internar em uma clínica de desintoxicação. No dia marcado, porém, sumiu e só apareceu semanas depois. Na volta, ela disse que estava em um centro de tratamento.
Ela visitava a família com frequência e teve apoio para se livrar do vício nas cinco internações pelas quais passou. Apesar de alternar temporadas de rotina caseira no endereço do namorado com a rotina nas ruas –chegou a ficar 17 dias sem aparecer–, ela era próxima dos pais. Mostrava preocupação e fazia questão de estar por perto.
Más Companhias
Os primeiros contatos com as drogas teriam ocorrido durante o ensino médio, concluído no colégio particular Marista Arquidiocesano, na Vila Mariana, na zona oeste. Era usuária de cocaína e crack e relatou sua escalada no vício em uma carta que escreveu pouco tempo atrás para a filha da vizinha Marlene.
Preocupada com o comportamento rebelde da filha, ela pediu a Bruna que contasse sua experiência com as drogas para evitar que a garota seguisse o mesmo caminho. Marlene lembra que se emocionou com o capricho com que Bruna se dedicou à carta. Ela relatou que a dependência se agravou aos poucos e alertou sobre a tática à qual sucumbiu: 1) acesso fácil a drogas de graça; 2) vício consolidado, e o custo das drogas, agora pagas; 3) dívida quase impossível de ser paga.
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