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Post: Há 31 anos, o Amor-Exigente luta contra a dependência química

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Amor-Exigente capacitou pessoas para atuar com crianças que convivem com dependentes químicos

A Federação de Amor-Exigente (FEAE) há 31 anos ajuda pessoas na prevenção ou recuperação contra a dependência química. Segundo a coordenadora nacional da FEAE, Bernadete Oliveira Maciel, a Amor-Exigente quer promover qualidade de vida para o indivíduo dependente de drogas e para aqueles que estão ao seu redor. Outro objetivo é instruir crianças e adolescentes sobre os malefícios das drogas, por meio da prevenção.

De sexta a domingo, a Federação realizou, no Seminário São José, um curso de capacitação do Amor-Exigentinho, um projeto voltado para crianças. A ONG Infância-Ação tem parceria com a FEAE e auxilia na coordenação das atividades com os pequenos.

A psicóloga Maria Fernanda Almeida, 29 anos, voluntária na ONG e no projeto, comenta que as crianças atendidas têm dependentes químicos na família. “O amor-exigentinho trabalha a prevenção através do lúdico. É um momento em que as crianças saem um pouco do mundo pesado em que vivem em casa”, esclarece.

Para participar como voluntário, a ONG busca pessoas com interesse em ajudar na preparação e aplicação das atividades realizadas e, de preferência, que saibam lidar com crianças de forma atenciosa e compreensiva.

Para mais informações acesse www.infanciaacao.org, vá na aba Projetos e clique em Parceria Amor-Exigentinho.

Princípios para viver melhor

O Amor-Exigente é um programa de auto e mútua ajuda que desenvolve preceitos para a organização da família, que são praticados por meio dos 12 Princípios Básicos e Éticos.

Os princípios básicos constituem em identificar os problemas da família, humanizar as pessoas que estão próximas a dependentes químicos, demonstrar que não há culpados nessa luta, influenciar comportamentos para ajudar familiares e dependentes e apresentar maneiras de cooperar com a recuperação.

Já os princípios éticos estão relacionados a respeitar a dignidade das pessoas, manter sigilo dos participantes do grupo, respeitar e cumprir o estatuto da FEAE, transmitir os princípios do Amor-Exigente, não utilizar o grupo para conseguir vantagens e evitar divergências entre grupos e lideranças da FEAE.

Atualmente, o movimento conta com 11 mil voluntários, que realizam aproximadamente 100 mil atendimentos mensais por meio de reuniões, cursos e palestras. São mais de mil grupos no Brasil, 14 no Uruguai e um na Argentina, além de cerca de 259 Subgrupos de frutos de Amor-Exigente.

Encontros Amor-Exigentinho

– Terças-feiras, das 20h às 22h, Centro Social Esperança, Rua Vale Machado, 1438.

– Quartas- feiras, das 20h às 22h no Salão Paroquial da Igreja de Fátima, Rua Professor Teixeira 1480.

Relatos de quem sofreu com as drogas: 

“Era casada com traficante”
M.* começou a usar cocaína aos 18 anos. Ela conta que ninguém dafamília notava, pois ela conseguiu conciliar por muito tempo as responsabilidades de trabalho. Aos 33 anos teve o primeiro filho e, hoje, agradece pelo menino não ter sequelas, pois usou a droga por toda a gravidez. Ela decidiu que não poderia mais seguir com o vício quando começou a roubar de familiares. Chegou a tentar suicídio. “Era muito difícil para mim. Eu era casada com um traficante, mas percebi que não podia seguir daquele jeito, mentindo para pessoas que me amavam”, relata.
Agora, aos 36 anos, M.* está em tratamento há um ano e meio. Ela conta que encontrou apoio no grupo do Amor-Exigente, e que sua família também participa das reuniões. M.* está em um estágio em que pode passar alguns dias em casa durante a semana. Nos outros, ela fica em uma comunidade terapêutica. “Minha mãe está com a guarda do meu filho, Eu sei que é difícil para ele, por que sumo da vida dele e reapareço. Mas quando ele estiver maior vou explicar tudo que aconteceu”, planeja.

“Pensei nos meus filhos”
Por quase vinte anos J.* conviveu com um marido alcoólatra. Ela só percebeu o problema dele quando estava prestes a dar à luz o primeiro filho e o esposo apareceu completamente bêbado no hospital. “As enfermeiras diziam que ele não poderia entrar e contavam que ele estava agressivo. Eu não sabia o que fazer”, lembra. Na esperança de ajudar o companheiro, J.* permaneceu casada e começou a frequentar o grupo do Amor-Exigente.
Ela relata que no início ficava com vergonha de conversar com outras pessoas sobre a situação, mas anos depois o filho caçula passou a acompanhá-la nas reuniões. Quando o filho mais velho estava com 19 anos deu um ultimato à mãe: “ou o pai sai de casa, ou eu”. J.* resolveu internar o marido. Tempo depois descobriu que ele fugiu do centro de reabilitação e, então, decidiu não intervir mais na vida dele. “Tive que pensar nos meus filhos, no que era bom para eles”, desabafa. Ela segue frequentando o Amor-Exigente e trabalha na prefeitura de sua cidade em programas de auxílio a dependentes químicos.

*Os nomes são mantidos em sigilo a pedido das entrevistadas.

Site: A razão

por Joyce Noronha em 28/09/2015 09:54

 

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